Carta de Herança da África do Sul - Fraude (Golpe 419 ou "carta da Nigéria")

O "419 Scam" ou "Golpe 419", ou ainda a fraude da "carta da herança", ou da "carta da Nigéria", é um dos mais antigos esquemas de fraude que existe pelo menos desde os anos 70, segundo os primeiros registos policiais deste tipo de ocorrências.

Obviamente o sistema entretanto foi modernizado, passando da tradicional carta enviada por correio ou fax, para as atuais vias eletrónicas de e-mail ou contacto através de redes sociais. Ultimamente voltaram a ser reportadas situações da clássica carta por correio.

 

Os nomes de "Golpe 419" ou "carta da Nigéria" devem-se ao facto da primeira origem destas cartas ter sido a Nigéria, e 419 ser o número da secção do Código Penal Nigeriano relativo às fraudes. Além deste esquema, existem muitos outros com proveniência da Nigéria, como é o caso do esquema do Paypal que descrevemos noutro artigo.

 

Hoje em dia, a origem destas fraudes já não é apenas a Nigéria mas também outros países africanos como a África do Sul, Serra Leoa, Libéria entre outros, e na generalidade países que passam ou passaram por "turbulências" (Iraque, Líbia, Afeganistão, Egito) em todo o mundo. Em alguns casos os golpistas fingem estar em países do "Primeiro Mundo" (Reino Unido, Holanda, Inglaterra, Espanha, Canadá, Japão) para dar maior credibilidade às suas propostas.

 

 

As principais histórias contadas pelos golpistas são as seguintes:

 

- Dinheiro desviado de empresa e contratos

- Dinheiro escondido de ex-ditadores, políticos ou ricaços ou de seus familiares

- Ressarcimentos internacionais por fraudes sofridas

- Heranças de parentes, mortos acidentais e desaparecidos

- Fundos descobertos ou bloqueadas em bancos

- Ricos, refugiados e soldados com propostas de transferência e investimento

 

O caso que apresentamos na imagem é a história em que o proponente é advogado (Mr. Rowland Khumalo) e um cliente seu terá morrido num acidente de viação com a sua esposa, e terá deixado fundos (30 milhões de dólares), sem ter herdeiros para a fortuna. Neste caso o "morto" tem um apelido igual ao da vítima para assim justificar a proposta de apresentar a vítima como herdeiro e depois, supostamente, dividir o dinheiro.
A fraude é a de sempre. Conseguir dados e informações da vítima e depois arranjar alguma desculpa para convence-la a pagar alguns supostos custos ou taxas adiantados, que são o verdadeiro objetivo do golpe.

Fraude da Carta da Herança proveniente da África do Sul

Aparentemente o país mais usado para este fim é a África do Sul, existindo no entanto casos relatados da original Nigéria e de outros países africanos. Existem ainda casos vindos de vários outros países incluindo Reino Unido, China e Índia.

 

Envelope e selo da África do Sul enviado para Portugal - Carta da Herança

A proposta é fazer com que estes fundos sejam transferidos para você com alguma desculpa (até fazendo parecer você como herdeiro) e depois dividir com o proponente.
São usadas histórias como a de o dinheiro supostamente esquecido ser de um morto num acidente aéreo ou de outro tipo (sem herdeiros ou com dinheiro não declarado), enviando para “confirmação” artigos de imprensa internacional com o nome da tal vítima fatal. O facto de serem sempre fatalidades, justifica o desconhecimento de herdeiros declarados e logo o bloqueio das fortunas, dado serem mortes sempre inesperadas.

Além disso o objetivo principal já não é só receber dinheiro da vítima mas também conseguir informações como dados pessoais (documentos, assinaturas) e dados sobre empresas ou contas bancárias, no país ou no exterior, que depois são usados para tentar outras fraudes envolvendo “roubo de identidade” para defraudar novas vítimas envolvendo o nome de pessoas e empresas sérias.

O esquema, a história contada e os detalhes podem variar bastante de caso para caso, mas o conceito do golpe é sempre parecido e remete-se às fraudes do tipo "advance fee". O foco é sempre criar uma situação que justifique a solicitação de pagamentos adiantados por parte da vítima supostamente necessários para conseguir um beneficio muito maior, o qual, porém, na realidade não existe.